Certo, isso aqui está sendo escrito no dia 7 de julho de 2010, e eu não sei que dia eu vou postar isso, porque minha mãe teve um momento de muita revolta e levou junto com ela o note e a internet, que por acaso é 3G. bom, então, já que eu tinha que ficar com a minha prima hoje de tarde eu decidi usar o computador dela. Mas adivinhem?! Ela não tem internet. Que ótimo. Não. Mesmo.
O negócio é que eu estou realmente inspirada para escrever hoje, mas também estou revoltada e isso vai me acalmar, então vou escrever porque eu quero e porque eu preciso. É isso aí.
SEGUNDA PARTE – Talvez ela estivesse errada
Agora sim eu posso dizer que estou feliz e realizada. Quer dizer, não totalmente realizada porque eu ainda não comprei aquele novo livro da Meg Cabot, mas tirando isso, eu tenho tudo que eu quero. Veja bem, não é tudo que eu sempre quis, mas é tudo que eu quero neste momento, então, sendo assim, eu estou feliz. Muito feliz. Mesmo.
Eu tenho um namorado lindo, inteligente e muito, muito querido e é óbvio que eu estou terrivelmente – terrivelmente de um jeito bom, claro – apaixonada por ele. E quando eu digo que estou apaixonada, eu estou falando daquela paixão em que tu fica pensando na pessoa amada o dia inteiro e quando, às vezes, tu pensa que conseguiu parar, percebe que está pensando nele de novo. Pois é, é isso que está acontecendo comigo. Dá pra acreditar? Acho que não. E pensar que eu achava que estava muito apaixonada pelo Carlos, e bem, eu estava realmente apaixonada por ele, mas aquele foi o meu primeiro amor, então eu não sabia como agir direito.
Mas agora eu sei, e posso dizer que é bem melhor quando o sentimento é correspondido. Sério. Porque antes eu ficava só na expectativa e agora tudo está acontecendo de verdade.
Voltando a falar do Tom, ele é lindo e meio roqueiro – ele não pinta as unhas de preto -, tem uma Harley e toca guitarra. Bem, não é só por isso que eu estou apaixonada por ele desde, mais ou menos, o dia que nós nos conhecemos – quando o Carlos foi para a faculdade com a namorada dele e eu fiquei aqui sofrendo por causa dele – há oito meses.
E hoje faz exatamente seis meses que eu e o Tom estamos oficialmente namorando, então nós vamos jantar juntos em algum lugar - que vai ser provavelmente o restaurante do pai dele, que por acaso é bem caro. Sério. E a parte mais fofa disso tudo é que ele trabalha no restaurante do pai dele, porque segundo ele “não é justo que meu pai fique trabalhando duro para me sustentar e eu só ficar aqui, sem fazer nada de útil”.
Então, de noite, depois de ele fazer os temas e nós passarmos um tempinho juntos – sabe como é – ele vai trabalhar no restaurante, mesmo os pais dele não gostando da idéia. Quer dizer, eles não gostam da idéia, mas estão orgulhosos do filho por ele pensar assim. E eles não são os únicos. Ah, e como pagamento pelo trabalho, ele ganhou um carro, porque os pais dele acharam que como ele trabalha de noite e volta para casa sozinho, uma moto não seria muito segura e como o Tom se recusou a vender a moto, bem, eles compraram um C3 para ele.
Bem, eu e o Tom temos muitas coisas em comum, como, por exemplo, nossa banda favorita é o AC/DC e nós somos apaixonados por Harleys. E bem, isso não acontecia com o Carlos. Quer dizer, ele não gostava de rock nem de motos.
Mas eu ainda acho que eu deveria agradecer ao Carlos pelo que ele fez, quer dizer, eu não posso culpar ele por me apaixonar e nem por me fazer sofrer, bem, talvez eu possa, mas não é muito do meu feitio fazer isso, enfim, a culpa não é dele. Mesmo.
O negócio é que eu agradeço ao Carlos pelo amigo que ele sempre foi e também porque se ele não tivesse ido para a faculdade, eu nunca teria me apaixonado pelo Tom e não estaria namorando ele agora.
E falando em Tom, estou atrasada para o nosso encontro e ele já está me esperando na sala, onde ele deve estar conversando com meu pai. Graças a Deus eles se dão bem, porque aparentemente o Tom gosta das mesmas bandas que meu pai gostava quando era adolescente. Dá pra imaginar meu pai adolescente? Não. Realmente não. Agora, dá para imaginar meu pai gostando de rock? Sim. Com certeza.
Meu pai ama rock. Sério. Desde que eu me lembro de existir, eu me lembro dele escutando vinis e me ensinando as letras das músicas. Resumindo, não tem como meu pai não gostar do Tom, porque o Tom é uma versão atualizada do meu pai.
Minha mãe também o adora. O Tom, eu quis dizer. Não que ela não goste do meu pai. Sério. Ela ama ele. Mas ela também adora o Tom, porque ele é superultramega educado. Mesmo. Os pais dele o ensinaram muito bem.
E é por isso que, quando eu cheguei à sala, ele estava ao lado dos meus pais, na porta, lindo – como se isso fosse novidade – com seu terno, sem gravata. Seus cabelos estavam, como sempre, bagunçados e fofos. Enfim, ele estava lindo e eu realmente sabia que tinha muita sorte de tê-lo.
E eu, bem, eu não estava lá tão ruim assim. Eu estava com um vestido básico azul escuro, mangas que iam até depois dos cotovelos, decote em forma de V e cintura alta. Nos meus pés eu calçava sapatilhas pretas, sem nenhum adorno e no meu cabelo louro tinha uma tiara preta, fina. Não pense que o vestido era curto, ele ia quase até o joelho. Sério.
- Oi, Claire – disseram os três, em uníssono, então todos começamos a rir.
- Oi, pessoal – eu disse e me virei para Tom: - Pronto?
Nos lábios ele tinha aquele sorriso que sempre me deixava com as pernas bambas, aquele sorriso torto de quem sabe algo que os outros não sabem.
- Claro – ele sorriu mais ainda. Suspirei – Eu nasci pronto.
Ele não era convencido, e todos sabíamos disso, de forma que todos tinham sorrisos cúmplices nos lábios.
Ele me ofereceu sua mão e eu a peguei, nós nos despedimos dos meus pais e fomos para o elevador. Chegando lá, logo que a porta se fechou, ele me abraçou, de forma que eu coloquei minha cabeça em seu peito. Isso foi ótimo, porque assim eu podia inalar seu cheiro.
- Senti sua falta, Claire – ele sussurrou acima de minha cabeça. Pois é, ele é bem altinho e eu estava sem salto, então eu ficava uns 15cm menor que ele. Tudo bem, já me acostumei com isso.
- Você não foi o único – sussurrei e olhei para ele, nós ficamos nos encarando e então, de repente – tão de repente quanto uma bolada pode ser – ele me beijou e sabe como é. Aquela coisa de namorados há mais de seis meses, onde ela tem dezesseis anos e ele tem dezoito, pois é. Eu realmente acho que eu não preciso explicar e eu não vou explicar. Sério. Não esperem por isso.
Mas como tudo que é bom dura pouco, o elevador chegou ao térreo antes mesmo de nós aproveitarmos o quanto queríamos ter aproveitado. Tudo bem, eu sabia que ia ter um segundo round na despedida e eu esperava que esse fosse bem mais demorado.
O Sr. Becker achava que era nosso cupido, pois ele tinha presenciado nosso primeiro encontro. Então ele estava todo orgulhoso e ficava dizendo coisas do tipo “eu vi esses dois crescerem e eu sempre soube que eles tinham alguma ligação” e também “eles combinam e não sei como vocês não tinham percebido isso antes, pois eu já tinha”. De modo que quando passamos por ele, ele estava sorridente e de peito estufado. Ele realmente é um amor.
Entramos no carro e eu conferi se eu não tinha esquecido o presente do Tom lá em cima, mas não. Os ingressos para o show do AC/DC. Bem, eram dois, ele poderia me dar, mas se ele quisesse dar para outra pessoa, tudo bem. Quer dizer, eu não quero que ele se sinta obrigado a me levar. Mesmo. Eu acho que isso seria bem controlador da minha parte, então depois, quando eu entregar o presente para ele, eu vou deixar claro que tudo bem se ele quiser levar algum amigo dele, ou sei lá, meu pai. Se bem que eu acho que meu pai já comprou os ingressos dele, uma vez que quem me deu a idéia de presente para o Tom foi ele mesmo.
Certo. Eu admito. Eu errei quanto ao lugar onde o Tom ia me levar. Ele acabou me levando ao parque que tem lá perto de casa. Aquele parque. O parque que ele me levou na primeira vez que nós conversamos. O parque do qual eu esqueci o nome. Droga.
O mais estranho é que ele pareceu feliz com a minha surpresa, ele parecia até mesmo orgulhoso. Provavelmente orgulhoso de si mesmo por ter armado uma coisa tão mirabolante que eu nunca adivinharia.
E ele estava certo, porque eu nunca adivinharia que o nosso jantar de seis meses de namoro seria embaixo daquela árvore, onde teria uma pequena plataforma de madeira de uns três metros quadrados, com uma mesa para dois – com pratos feitos e em cima aquela tampa de prata como as que têm nos filmes, claro -, um garçom e um cara tocando violino. Ah, e em cima da mesa tinha um castiçal com duas velas.
Eu tinha ficado congelada. Não que naquela noite estivesse frio. Não mesmo. O tempo estava ótimo, principalmente para aquilo. Ai, meu Deus! Como ele é romântico! Bem, talvez você pense que caras que dirigem Harleys e que são meio roqueiros na sejam legais, mas eles são muito, mas muito legais. De verdade. Principalmente o Tom.
- Você gostou? – ele perguntou, meio inseguro.
Meu olhos se encheram de lágrimas. Ninguém nunca tinha feito algo tão legal pra mim. Não desse jeito. Mesmo. E olha que eu nem sou chorona. Não muito.
- Claire – ele me chamou -, ei, se você não gostou é só dizer, sei lá, nós podemos ir ao restaurante do meu pai e lá nós po... – eu o calei pondo o dedo em seus lábios.
- Tudo isso é perfeito – eu disse, então eu o abracei – obrigada, obrigada de verdade. Aposto que eu vou amar cada segundo disso tudo.
- Eu espero que sim – ele limpou minhas lágrimas e foi abaixando a cabeça devagar, até que... bem, você sabe, ele me beijou.
Desta vez o beijo foi mais demorado e durou até que nos lembrarmos que não estávamos sozinhos. Nos desvencilhamos, meio envergonhados – mas felizes – e pedimos desculpas ao garçom e ao violinista.
Então nós sentamos nos nossos lugares, arrumamos os guardanapos no colo, o garçom tirou aquela tampa gigante que estava em cima dos pratos e eu pude ver que a comida escondida.
Camarão. Eu amo camarão. É minha comida preferida de todos os tempos. Mesmo.
Ah, o jantar tinha tudo para ser perfeito. Tanto que foi perfeito. Mesmo com o garçom e o violinista – que eram emprestados do restaurante do pai do Tom, como ele me disse -, o clima foi totalmente sem constrangimento. Foi romântico. O encontro mais romântico que eu poderia imaginar
Quando eu entreguei meu presente para ele, ele disse “ai, meu Deus. Que ótimo! Assim nós poderemos ver nossa banda favorita juntos e bem de pertinho!”, e isso quer dizer que ele vai me levar com ele! Oba!
Ok. Eu não disse que eu não queria ir com ele, eu só disse que entenderia se ele quisesse levar outra pessoa, mas já que ele quer me levar, eu não vou recusar. Sério.
Mas melhor ainda foi quando o Tom me entregou o presente dele, eu quase ti ve um ataque. Era um colar de ouro com um raio – como o raio do AC/DC - e dentro dele tinha uma foto nossa. Uma foto super legal. Uma foto que se encaixava perfeitamente no raio, porque a cabeça dele ficava na parte de cima e a minha na de baixo. Uma foto do nosso primeiro encontro de verdade, no qual nós entramos numa cabine daquelas de fotos e tiramos várias fotos fazendo caretas e a última – a que tinha no meu colar – nós estávamos nos olhando com a maior cara de apaixonados. Sério.
Bem e depois eu tive que deixar ele colocar o colar em mim, porque eu estava sem espelho e isso conseguiu ser melhor ainda.
E então, como eu havia mencionado antes, o encontro foi perfeito. No final, nós nos despedimos dos dois senhores – o garçom Joe e o violinista Nick - e demos uma volta no parque de mãos dadas, como um casal normal e o Tom tirou a parte de cima do terno dele para eu vestir, como ele sempre faz.
Nós ficamos conversando sobre a vida, como sempre e aparentemente sempre falta tempo, porque o nosso assunto nunca termina. Mesmo.
E então nós decidimos ir embora. Na verdade, o Tom disse que era melhor nós irmos embora porque senão meus pais não me deixariam mais sair com ele e mesmo eu dizendo que meus pais o adoram ele foi irredutível.
Nosso caminho para casa foi tranqüilo e ele ficou segurando minha mão o tempo inteiro. Quando nós chegamos e ele estacionou o carro na garagem, eu ia abrir a porta para sair, mas Tom pediu para eu esperar um minuto, mas ao invés de ele sair do carro e vir abrir a minha porta, ele se inclinou para cima de mim e ficou ali, com o rosto a menos de um centímetro do meu.
Bem, eu estava tão hipnotizada com os seus olhos que são da cor das folhas de uma pitangueira que eu nem percebi que com uma das mãos ele estava pegando algo no porta-luvas. Sim, eu sei, sou muito idiota. Sério.
Mas o que ele pegou não foi nada como uma arma ou um preservativo. Talvez tenha sido até melhor, porque com aquilo eu me sentiria realizada. E o que ele tirou de dentro do porta-luvas foi - tcham-tcham-tcham-tcham – o novo livro da Meg Cabot que eu estava louca para comprar!
- Ai meu Deus – disse e então foi a minha vez de beijá-lo e pegá-lo de surpresa.
E quando finalmente nossa sessão de amassos acabou, nós estávamos sem fôlego e eu pude ver que o cabelo dele estava bem bagunçadinho. O meu também devia estar, então nós demos uma jeito em nós mesmos e saímos do carro. Fomos abraçadinhos até o elevador e então Tom clicou no botão para ele descer.
O elevador chegou, mas eu ainda queria falar uma coisa para ele. Uma coisa que eu queria ter dito antes, no carro, mas eu acabei esquecendo.
- Tom, esta noite foi perf... – foi aí que eu vi. Aí que eu vi que o elevador não estava vazio. Meu livro novo da Meg Cabot caiu no chão, tamanho o meu susto. Droga.
Porque quem estava no elevador era o Carlos. E com uma cara de quem não estava nenhum pouquinho feliz. Droga de novo.
Nota da autora: bom, talvez vocês não tenham gostado deste conto/fantasia/história, mas eu gostei de escrevê-lo, então quem sai perdendo não sou eu. Mesmo. Mas voltando ao assunto, a Claire herdou mais algumas características minhas, porque eu realmente amo o AC/DC e também acabei de ganhar o último livro da Meg Cabot, só que eu ganhei do meu pai, porque eu realmente não tenho um namorado.
Com carinho, Natália
Nenhum comentário:
Postar um comentário